É brincando que se aprende!?

Você sabia que pode estar deixando de lado uma ferramenta muito importante de ensino e aprendizado de movimento nos seus atendimentos? O ato de brincar pode ter sido uma das estratégias de aquisição motora mais simples e importantes nos últimos 2 milhões de anos. 😉

Mas antes de explicar o porquê, faz-se importante contextualizar “hábitos energéticos” naturais de seres humanos.

Todos os animais são adaptados a serem fisicamente ativos, especialmente para adquirirem recursos e evitarem serem predados, e seres humanos não são exceção. Humanos também evoluíram para serem adaptados a uma larga gama de atividades físicas únicas como caminhadas de longa distância e corrida no calor, carregamento e arremesso de objetos.

Mesmo assim, a obesidade e a epidemia da inatividade tem despontado no mundo de maneira crescente. Sabe-se que humanos são naturalmente tão inativos quanto ativos, já que nossos ancestrais caçadores-coletores utilizavam seus corpos para sobreviver, e passavam por muitos períodos de escassez de alimento.

Assim, ao longo de 2 milhões de anos desenvolveu-se um sistema corporal basicamente econômico, onde todo período de descanso é bem aproveitado. Não são conhecidos estudos comportamentais sobre inatividade entre os caçadores-coletores, mas Lieberman prevê que os mesmos também gostariam de evitar a atividade física.

Os jogos e as brincadeiras são as únicas exceções importantes. Brincar é claramente um comportamento antigo, quase único para os seres humanos, que ajuda as crianças a aprenderem habilidades físicas, desenvolvendo-as de forma a reaproveitá-las na “vida real”. Parece, então, que o ato de brincar é uma estratégia natural de adquirir padrões de movimento que serão utilizados na vida adulta e manter o corpo em atividade.

Apesar de uma pequena porcentagem de pessoas hoje se exercitarem como uma forma de medicina, fazendo a sua dose prescrita, a grande maioria das pessoas hoje se comportam exatamente como os seus antepassados, se exercitando apenas quando é divertido (como uma forma de jogo) ou quando necessário. Uma perspectiva evolutiva prevê que as formas mais eficazes para promover o exercício são nestes dois contextos.

Agora, reflita: qual estratégia de adesão a atividade física você utiliza com seu paciente ou cliente no dia a dia dos seus atendimentos? Será mesmo que a imposição de atividade física na nossa sociedade, como uma tarefa, uma obrigação, ou o medo da doença é a melhor maneira de incentivar as pessoas ao exercício?

Talvez abordar os exercícios como uma forma de brincar, ou de unir os grupos seja uma estratégia mais interessante. Existe um momento lúdico durante seus atendimentos?

 

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REFERÊNCIA

Lieberman DE. Is Exercise Really Medicine? An Evolutionary Perspective. Curr Sports Med Rep. 2015;14(4):313-319. doi:10.1249/JSR.0000000000000168.

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