Sim! Você já ouviu falar que os nossos ancestrais eram caçadores-coletores. Isso na prática significa que eles não plantavam seus alimentos, mas, sim, extraiam estes da coleta e das atividades de caça. Em termos de atividade física quer dizer ainda que eles tinham um estilo de vida extremamente ativo, uma vida baseada no movimento, uma vez que eram obrigados a se movimentar devido a ausência de tecnologias que fizessem isso por eles.

A cultura, a tecnologia e o ambiente contemporâneos fazem o oposto com a gente. Para o bem ou para o mal, o progresso humano suprime nossa necessidade de movimentação e com isso faz com que padrões naturais de movimento tornem-se desnecessários para a nossa sobrevivência direta. Um modo de vida baseado na tecnologia possibilita um modo alternativo de sobreviver, no qual fazemos apenas atividades físicas com pouco esforço e pouca variabilidade.

Todavia, não podemos ser extremistas e achar que levar um modo de vida caçador-coletor seria a solução para todos os nossos problemas modernos. Caso adotássemos novamente um modo de vida ancestral (apesar de possivelmente resolver boa parte de nosso sofrimento musculoesquelético e de nossos problemas cardiovasculares), certamente passaríamos a sofrer com uma série de questões já resolvidas pela civilização, como por exemplo as infecções.

No entanto, em termos de saúde do movimento, temos muito o que aprender com as pessoas que vivem da caça e da coleta, assim como com os nossos ancestrais.  Sendo assim, a seguir tentaremos fazer uma comparação entre os nossos hábitos de movimento e os deles. Abaixo tem uma lista com algumas das atividades contemporâneas mais comuns, e sua comparação com a atividade biológica inerente realizada pelos humanos caçadores-coletores.

 

  1. [NÓS] Sedestação prolongada em superfícies que exigem pouca adaptação e amplitude de movimento (sentar no sofá, cadeira) → [ELES] Alternam movimentos de repouso no chão.
  2. [NÓS] Bipedia estática (tarefas em pé) → [ELES] Movimentos grossos em pé (além dos locomotores, carregar, puxar, levantar etc.).
  3. [NÓS] Caminhadas curtas (sofá pro banheiro) ou deslocamentos artificiais (esteira)→ [ELES] Grandes volumes de caminhada, 9-15 km por dia, e de corrida, passam de 20 km dependendo da atividade de caça.
  4. [NÓS] Manipulações finas de pouco esforço (celular, escovar os dentes) → [ELES] Manipulações finas que exigem mais esforço, como manufatura de utensílios, além de movimentos mais grosseiros com os ombros e braço, como o arremesso ou ao subir numa árvore.
  5. [NÓS] Alimentação com pouco esforço mastigatório (alimentos moles e ultraprocessados) → [ELES] Mastigar alimentos firmes e fibrosos com pouco ou nenhum processamento.
  6. [NÓS] Dormir e fazer sexo em superfícies hipermacias que exigem pouca adaptação (cadeira, sofá, colchão) → [ELES] Contar com a rigidez do chão que exige a rápida adaptação e a variação dos movimentos.
  7. [NÓS] Socialização passiva fisicamente ou ausência de socialização (redes sociais ou isolamento social) → [ELES] Encontros presenciais que demandam de algum modo movimento.

 

(Você consegue pensar em mais alguma comparação possível? Se sim, deixe nos comentários!)

 

Depois de ler todas essas diferenças drásticas, você consegue pensar nas atividades que faz no dia a dia dentro desse contexto?

 

Em qual dessas atividades você se enquadraria e em quais não?

 

E, mais importante, qual delas você conseguiria realizar de uma forma mais natural?

 

DICAS

Se você quiser deixar seu dia um pouco mais ativo, sugerimos que leia nossas dicas contra a inatividade (publicadas no Blog)

 

JABÁ

Para conhecer mais sobre o raciocínio evolutivo aplicado aos cuidados da movimentação humana, participe dos Cursos FBA para profissionais das Ciências do Movimento (acessa as abas do site aí em cima).

 

REFERENCIA

Lieberman DE. A História Do Corpo Humano: Evolução, Saúde E Doença. Rio de Janeiro: Zahar; 2015.

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