Seus pés são o melhor modelo de tênis de corrida…
Sabe por quê?
A prescrição de tênis para correr não é uma conduta baseada em evidências científicas.
Isso significa que todos esses tênis que existem por aí, dos mais caros aos mais baratos, não tem comprovação científica sobre o que prometem.
Por outro lado, as evidências também são insuficientes de que correr descalço previne lesões, mas, apesar disso, sabemos que a corrida descalça altera fatores cinéticos e cinemáticos associados com lesão.
Hipótese nula
O problema seria assumir que a hipótese nula é a de que seres humanos correm calçados, já que todo mundo hoje corre assim, enquanto que, por uma visão verdadeiramente científica, a hipótese nula deveria ser correr descalço. A partir de um raciocínio que abarque todo o conhecimento científico disponível e não só as ciências do movimento, a corrida descalça deveria ser melhor e mais aceita até que se prove o contrário, apoiada pela plausibilidade biológica de dois milhões de anos de história humana. Afinal ninguém nasce de tênis, não é mesmo?
Se as pesquisas sobre tênis para corrida fossem feitas adotando como hipótese nula o fato de que seres humanos foram moldados pela natureza para correr descalços e, a partir daí, pesquisassem se que o tênis produz algum benefício nesta capacidade, dificilmente teríamos tanto desencontro nas Ciências do movimento.
Além de que, muito provavelmente, a indústria zilionária do tênis deixaria de existir.
Mesmo assim, pode ser que um dia se desenvolva um calçado que melhore a capacidade humana de correr. Afinal, já inventamos diversas tecnologias que melhoram nossas capacidades naturais, como melhora da visão com microscópio e telescópio etc.
Contudo o calçado que a propaganda promete, ainda não existe.
Conclusão
Se você não quiser correr descalço, não tem problema, apenas escolha seu tênis (pode ser um barato mesmo) consciente de que não existe pesquisa que prove que ele previna qualquer tipo de lesão.
Talvez falte contexto para as pesquisas, pois, sem uma base sólida de ciências básicas, neste caso a Biologia evolutiva, seus resultados podem ser bastante confusos. Sabe aquela piadinha de que “ontem não era bom comer ovo e hoje faz muito bem”?
Então, estamos sujeitos a isso enquanto as pesquisas não levarem em conta que a especialização, apesar de ser essencial para o progresso científico e tecnológico, precisa ser reintegrada e fazer sentido junto às diferentes áreas e disciplinas da Ciência.
Saiba mais sobre o Raciocínio Evolutivo aplicado às Ciências do Movimento nos Cursos da FBA.
E não se esqueça…
Referências
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